Crítica | The Moment: I Need You (2020)

The Moment destaca-se pelo visual impecável e produção digna de cinema

A primeira coisa que eu penso ao (re)assistir The Moment I Need You (2020) é a extrema qualidade da produção  visto que a história tem aproximadamente uma hora de duração ao todo. Sendo classificado como um "short music film", The Moment parece ser a narrativa estendida e detalhada de uma história que você provavelmente assistiria em apenas três minutos e meio de um clipe musical.

Não há como dizer que The Moment é ruim. Todos os elementos visuais da série são impecáveis (qualidade da imagem; fotografia; figurino). A trilha sonora é outro elemento que beira a perfeição — visto que a minissérie é comparada com um clipe musical. Porém, todos os aspectos brilhantes de The Moment parecem exagerados demais quando nos deparamos com a história que é contada.

O roteiro simples demais com uma história muito aberta, onde os diálogos e ações dos personagens parecem não dar rumo para história. Isso pesa um pouco e pode deixar um gosto amargo ao assistir o BL, pois com outros aspectos da série tendo uma qualidade tão alta, assistir The Moment pode frustrar quem esperava algum desenvolvimento explicitamente mais profundo.

Ao assistirmos o piloto, conhecemos o jovem veterinário Mok (Bank Thanatip), que se hospeda em um hotel no meio das montanhas para lidar com o término de seu relacionamento. Na sua primeira noite hospedado, ele fica bêbado e faz um vexame no bar do hotel. É nessa situação que ele conhece Bay (Ponk), o barista do hotel. Bay ajuda Mok e o leva para o quarto, onde rola aquela típica cena do tropeço que coloca o rosto dos dois próximos na cama e muitos enquadramentos que destacam a tensão sexual dos dois.

A tensão sexual dos protagonistas é um ponto que deve ganhar destaque. Ela é quase palpável. A direção ajuda muito ao espectador entender a visível química dos protagonistas — mesmo que na história, eles mal se conheçam. O enquadramento, a troca de olhares, os efeitos visuais, a trilha sonora... Tudo contribui para que seja fácil comprar um romance entre um funcionário de um hotel no meio das montanhas e um hóspede. No segundo e terceiro episódio, os flertes mútuos são de tirar o fôlego.

Porém, mesmo que o roteiro simples tenha conseguido — graças a boa direção — mostrar o potencial do casal de protagonistas, The Moment ainda pode soar uma experiência frustrante. A série abusa do não-dito e da sutileza de símbolos, exigindo que o espectador se atente demais aos mais sutis sinais de uma narrativa que é contada em quatro episódios de quinze minutos.

O último episódio apresenta um sutil gancho para uma continuação, mas é tão sutil que duvido que a maioria das pessoas achou que voltaria a ver os dois outra vez. O lado bom é que realmente reencontramos os personagens de novo em The Moment Since (2020), sequência lançada em agosto de 2020.

No fim, The Moment: I Need You é uma obra sofisticada demais para o plot tão simples que ela propõe. O trabalho espetacular de toda equipe por trás da produção é muito requintado, principalmente em conseguir exibir a quase tateável química entre os atores novatos em uma série com tão pouco tempo de tela, mas a falta de cenas menos implícitas pode fazer com que alguém mais desatento não consiga enxergar nada disso.



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